domingo, 31 de outubro de 2010

colocando sal nas feridas

Esses dias eu vi pela primeira vez, depois daquilo tudo, o ônibus descendo a avenida. Eu nunca quis tanto que você estivesse nele e viesse bater à minha porta pra dizer que tava tudo bem, simplesmente porque eu sabia que isso não aconteceria mais. Nunca.

Ontem eu tomei o tang de laranja que tinha deixado pra tomar com você desde aquele domingo quando você ficaria aqui, porque sei que não pode com o de uva e não gosta do de maracujá. Foi difícil segurar as lágrimas ao pensar nisso enquanto tomava o suco, mas ao mesmo tempo foi isso: engoliu, acabou, não tem mais.

Eu ainda lembro de você durante a maior parte do dia. Tudo em volta tem algo de você. Qualquer música fala sobre você. Seu cheiro ainda me dá vontade de encostar em você, deitar no seu colo e ficar lá pro resto da vida. Contra essas coisas eu não posso lutar, mas não quero mais mendigar atenção, não quero mais migalhas, não quero mais suas palavras (que já fizeram eu me sentir a pessoa mais importante) me machucando agora, me cortando e me fazendo sangrar. O problema é que eu me acostumei com o gosto de sangue na boca, e não sei como ficar longe de você.

Eu tenho curiosidade em saber qual é a imagem que eu passo pra você hoje em dia, mas é muito mais difícil saber o que se passa na sua cabeça agora. Apesar disso, eu sei e você sabe que não há ninguém que te conhece mais como eu. Eu acompanho cada reação sua, e sei o que elas querem dizer. Isso não é mais algo incrivel e bom, porque incomoda, dói saber o que você pensa.

Sempre pensei sobre essa história de se ver mais forte do que se imaginava numa dificuldade uma grande balela, mas nos últimos tempos tenho constatado a veracidade desse fato. Eu fui cortada pela metade, mas essa metade é o meu inteiro agora e eu vou levantar a minha meia-cabeça, seguir em uma perna só e lutar por uma felicidade que vai preencher meu meio-corpo e ainda ser suficiente pra me fazer completa, de novo.

Nunca te desejei coisas ruins e não é agora que eu vou desejar. Só que, hoje em dia, a minha felicidade está acima da sua na minha lista de prioridades, como deveria ter sido desde sempre. Afinal, como já diria alguém por aí.. sou eu contra mim mesma.

Hoje eu fiz três pedidos, e nenhum deles foi ter você de volta.



Eu vou seguindo além dos arranhões
Colocando sal nas feridas
Esperando o tempo que o tempo demora para curar.

5 comentários:

Jessica Figueiró disse...

Esse post ta como aqueles filmes de drama lindo e triste.
Eu não gosto de te ver triste, mas sei como é a gente quer esquecer, mas não quer esquecer. Não vou te dizer que o tempo vai curar tudo, porque não é verdade, mas continua "colocando sal nas feridas" pq o tempo pelo menos faz virar cicatriz. E um dia você esquece da cicatriz e só quando a vê se lembra dela. E não crie a ideia da metade ou inteiro, você não é uma peça avulsa do universo, você faz parte do todo e o todo ta dentro de você. teamo<3

Fernando disse...

Esse post tá realmente parecido com One tree Hill. Hehehe
Essa é realmente uma fase ruim - ok, péssima - em que terá de descobrir uma força que nem mesmo vc imagina q tem.
Como já disse, estarei aqui pra qlqr coisa. T ajudar no que for, mas de antemão te digo que em breve vc já estará com a vida toda refeita até pq vc ainda tem mto o que crescer e pra onde crescer.
Novas perspectivas, ideais, mundo, visão. Tudo vai mudar, inclusive essa dor...
Não importa onde e nem como, mas torço por vc e vc sabe disso.

Unknown disse...

É flor, infelizmente não será a última vez que alguém te magoa, mas viver é isso aí =( Com o tempo vc vai aprender a se preservar mais, a se importar menos... Torço pra que essa fase passe logo, viu?! Bjão

disse...

Que texto foda, Su.
Tem tanta coisa que dá pra falar, mas nada resolve. Mas uma coisa é certa: isso passa. Pode demorar ou não. Pode piorar ou não. Mas eu juro que passa. E quando passar você vai ser mais linda e forte do que é agora :D

Leo - It's a long way... disse...

hey su! 3 palavrinhas ;)

LIFE GOES ON!

fique bem, tudo de bom pra vc =)