quarta-feira, 6 de julho de 2011

mãe




Você tá ali no quarto tossindo, o que significa que acordou e eu não consigo não pensar que é por minha causa. É o que tem acontecido ultimamente; tenho me sentido culpada pelas coisas negativas que vêm te acometendo. Eu sei que eu sou a principal causa delas.

Como naquele dia em que eu fui pra Argentina e você não pôde ir ao aeroporto porque tava trabalhando e eu nem sequer liguei, disse tchau, nem quando cheguei lá. Quando me contaram que você chorou eu me senti uma das piores pessoas do mundo.

Apesar de eu já ter escrito e reclamado sobre seu jeito em textos que você não vai ler, como esse aqui, e apesar de você sempre ter achado que eu 'preferia' e me parecia mais com meu pai, eu, a cada dia mais, me vejo igual a você, só que vivendo em épocas distintas. Não sei se feliz ou infelizmente, não nos vemos como amigas, dessas que trocam confidências e essas coisas.

Em nossas conversas casuais, você acaba se abrindo pra mim. Como quando você me contou sobre seu relacionamento com o pai ou quando se culpou por se dedicar muito ao trabalho e só pensar em dinheiro e ter me deixado crescer sem se tornar minha parceira. Aonde, nesse caminho até aqui, nos perdemos?

Eu queria que soubesse que não existe outra pessoa no mundo que eu admire mais e a quem eu queira mais orgulhar. Queria também deixar claro que se você sofrer, eu sofro junto; se dói em você, dói em mim também. Na verdade, o que eu mais gostaria é descobrir um jeito de te mostrar, te dizer como você sempre foi minha preferida e como eu gostaria de não te magoar nunca mais. Mas eu tenho certeza de como você sabe o quanto é difícil pra nós nos abrirmos assim, né?